quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma reflexão sobre o campo da Saúde Coletiva


Na sociedade contemporânea a ciência se configura como uma prática de construção de modelos, de formulação e solução de problemas num mundo cada vez mais diversificado, plural, em constante mutação (Almeida Filho, 1997).

Evidenciando um conflito de interesses no campo das ciências, assim como no campo da saúde publica, onde a capacidade contínua de produção de novos objetos pela ciência conflita com os já estabelecidos tradicionalmente em cada campo. Quando uma nova condição discursiva que vem redefinindo o campo de produção de conhecimentos e das práticas da saúde coletiva. Quando a utopia aspirada é a superação da crise, onde uma oportunidade para efetivamente se incorporar o complexopromoçãosaúdedoençacuidadoem uma nova perspectiva paradigmática, mediante políticas públicas saudáveis e a participação mais efetiva da sociedade nas questões de saúde. Tendo uma visão de mundo não homogênea, e não mercantilista da saúde,  onde a saúde pública enfrenta sua crise escolhendo entre mais mercado, mais Estado ou mais comunidade, (Paim, Almeida Filho, 2000).
Mediante reflexão é possível considerar:

·         Qual o papel da saúde coletiva na contemporaneidade?
·         Como o conhecimento científico no campo da saúde coletiva é influenciado?
·         Nossas políticas públicas de saúde, nossos agentes sociais? Como estão articulados numa perspectiva transdisciplinar, da eficiência, da valorização social, mediante a produção de novos saberes e novos objetos da saúde?

Refletindo sobre a teoria de Kuhn, onde fica evidenciado que o conhecimento científico não cresce de modo acumulativo e contínuo, sendo portanto descontínuo, operando por saltos qualitativos, e ocorrendo nos períodos de desenvolvimento científico, onde são questionados e postos em causa, os princípios os conceitos básicos e as metodologias que até então determinam toda prática científica, sendo o conjunto de todos esses princípios, que segundo o autor constituem o paradigma. Ainda segundo Kuhn, o processo de substituição de um paradigma revela-se numa relação de força. Por conseguinte, evidenciando as causas dessa imposição, saindo do círculo das condições teóricas e dos mecanismos internos de validação e procurá-los num vasto panorama de fatores sociológicos e psicológicos. Evidenciando as relações de autoridade (científica) e de dependência.     

Por outro lado, Bourdieu, admite que exista no campo científico relações de força, na produção e reprodução do conhecimento. Considera que o espaço de produção da ciência, o campo científico, é um campo como outro qualquer, cheio de relações de força, disputas e estratégias que visam beneficiar os interesses específicos dos participantes de determinado campo científico, estando em jogo, especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade cientifica definida como capacidade técnica e poder social.


Referências:

ALMEIDA,Filho N. Transdisciplinaridade e Saúde Coletiva. Ciência & Saúde Coletiva. 2(1/2):5-20, 1997.
BOURDIEU, P. O campo científico. In: Ortiz, R. org. Pierre Bourdieu. São Paulo, Ática, 1983.Cap.4.p.122-55. (Coletânea Grandes Cientistas Sociais, 39).
PAIM, J. S.; ALMEIDA,Filho, N. Saúde coletiva: “nova saúde pública” ou campo aberto a novos paradigmas? In: Rev. Saúde Pública, 32 (4): 299-316, 1998.


Ninete Alves
Bacharelado Interdisciplinar em Saúde/UFBA

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